O Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV) é uma atividade que existe desde 1989, em vários estados do Brasil, tendo com o intuito fortalecer as lutas entre campo e cidade, auxiliando na construção de outro modelo de desenvolvimento para o espaço agrário brasileiro. Em Santa Catarina existe desde 2006, tendo sua 6ª edição ocorrido no início deste ano, no município de Catanduvas.
Hoje, com a continuidade do avanço de latifúndios no interior, o uso intensivo de agrotóxicos e transgênicos, a permanência do trabalho escravo, a opção por monoculturas como a de eucalipto, cana-de-aúcar, soja e milho, a criação de aves, suínos e bovinos a custo baixíssimo, apenas para suprir a demanda de grandes agroindústrias como a Sadia e a Perdigão, e ainda o alagamento de terras ribeirinhas para a construção de hidrelétricas, a agricultura familiar e camponesa vê-se em constante ameaça. Com isso, a possibilidade da manutenção de pequenas propriedades tem-se tornado cada vez mais inviável, obrigando grandes quantidades de agricultores e trabalhadores rurais a migrarem para os centros urbanos. Geralmente em busca de melhores condições de vida ou de sonhos enganosos propagados pelos grandes meios de comunicação.
Para reverter o quadro e fortalecer a agricultura camponesa e familiar, o EIV busca articular indivíduos engajados nas lutas da cidade (sejam elas por melhor moradia, transporte público, saneamento básico, condições de trabalho, educação, saúde, ou outras) às famílias que compõem movimentos sociais camponeses. Mais precisamente quatro deles: Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), todos vinculados à rede mundial de movimentos camponeses conhecida como Via Campesina.O estágio busca, então, apresentar a realidade camponesa a partir da experiência de famílias organizadas politicamente, estruturando-se em 20 dias, da seguinte forma:
- Preparação: na qual os estagiários, todos reunidos num mesmo local (geralmente um assentamento da reforma agrária), estudam as condições que levam não só o campo a organizar-se desta forma, mas as diversas formas de opressão vigentes na sociedade atual, além das alternativas existentes para superá-las – principalmente as presentes na história e no presente dos movimentos camponeses;
- Vivência: os estagiários são enviados separadamente para diversas regiões do estado de Santa Catarina, passando 10 dias na casa de uma família camponesa, conhecendo seu cotidiano a partir do trabalho nas lavouras e da convivência nos mais diversos espaços.
- Socialização: os estagiários retornam ao mesmo local da preparação, para compartilhar as experiências do momento anterior e discutir formas de fortalecer na cidade as ligações com as lutas do campo.O EIV-SC, no entanto, não ocorre apenas nos momentos de preparação, vivência e socialização apresentados. Estende-se por todo ano, pois o coletivo que o organiza engaja-se em diversas atividades, promovendo formações sobre questões relacionadas, oficinas, um programa de rádio mensal na rádio comunitária do Campeche, além de atividades de colaboração com a brigada Mitico, brigada urbana do MST atuante em Florianópolis. Busque informar-se sobre tais atividades, acessando www.eiv.libertar.org ou escrevendo para eivemsc2011@yahoo.com.br
O seminário sobre o EIV ocorrerá no dia 20 de maio, as 8:30 e as 19:30 no Auditório do Campus Centro da UFFS.
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